Pilhas de Luz Naquele ano, o Sr. Outono decidiu que nada nem ninguém o iria impedir de se estender por mais uns tempos. O Sr. Inverno ficou de candeias às avessas com o Sr. Outono: já lhe tinha dito que agora era a sua vez e que tinha hora marcada para chegar, por isso decidiu pôr-se a caminho, atravessando a noite mais longa do ano. Na mão, levava uma pequena vela - ele sabia que iria passar por lugares onde nenhuma luz brilha e, apesar da idade avançada, tinha ganho medo do escuro.

Em passo acelerado, subiu montes e vales, andou ao frio e ao vento mas, de tão comprida que era a noite, a vela apagou-se – tinha chegado ao fim! Procurou apressadamente na trouxa outra vela mas só encontrou as nozes, amêndoas e figos que tinha trazido para a ceia. Assustado com a escuridão imensa da noite, despejou a trouxa e entreteve-se a fazer pequenas pilhas com os frutos.

Ali ficou, a olhar, à espera que uma ideia luminosa lhe trouxesse de novo a luz para seguir caminho. Pensou que poderia colocar em cada pilha um pirilampo ou uma estrela cadente ou um relâmpago... Indeciso e de tão esfalfado que estava, deixou-se adormecer, envolvido pela penumbra. À sua volta, ficaram as pequenas pilhas, frágeis guardiãs do Sr. Inverno.
No Céu mil estrelas,
na terra Pilhas de Luz.
Pilhas
de Luz
No Céu mil estrelas, na terra Pilhas de Luz. Não muito longe dali, tinha começado a grande festa. Todos os anos era assim: havia alegria, dança e amigos. Ninguém queria chegar atrasado à grande festa, saíam à rua de lanterna na mão, de tocha, com mil luzes que ardiam de todas as cores. O cortejo seguia, varrendo a escuridão, espalhando a luz por todos os recantos.

Foi então que avistaram o Sr. Inverno, sozinho e tiritante, rodeado pelas suas pequenas pilhas. Sem que ninguém desse por isso, um menino aproximou-se e assentou uma vela em cada pilha. Ao dar conta do burburinho, o Sr. Inverno acordou. Espantado com as mil luzes que inundavam a noite, juntou-se – mesmo a tempo - à grande festa. Desde então, todos os anos, se aguarda a sua chegada com as pequenas Pilhas de Luz.
Ilustrador Fita Cola Texto Ana Félix

Pilhas de Luz

“Pilhas de luz” resulta do exercício criativo e simbólico. Um elogio à cerâmica Caldense e aos elementos naturais, representando uma noz que também é um candelabro.

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