Certa ou incerta, esta é a história do menino que inventou os passarinhos. Sim, o Jesus do presépio. Quando cresceu tornou-se um menino reinadio que andava pela terra, saltando e brincando como todas as crianças. As trovoadas são a prova viva do que acontecia quando jogava à bola com os anjos. Mas a sua brincadeira preferida era fazer de criador debaixo da figueira do quintal. Um dia nasceu-lhe entre as mãos um pequeno ser feito de pedacinhos de barro, paus e pedrinhas. Porque ao sol demorava a secar, o menino pôs-se a soprar e um pássaro aconteceu, levantou voo e abriu-se num tal chilreio que o menino se animou e levou o dia inteiro a inventar pássaros que partiram pelo mundo em busca do seu lugar. O inventor
do Papa Figos
– Lá vai mais um! ‒ dizia o menino ‒ modelando, soprando. Enchendo o mundo de pássaros.
Aos que escolheram voltar para morar no ramo mais alto da figueira, o menino agradeceu. Esperou paciente que construíssem o ninho enquanto imaginava que nome lhes havia de dar. Estava tão feliz com o seu chilrear luminoso, que resolveu pintá-los com as cores que moravam no seu canto. Escolheu os amarelos do dia, os negros da noite, o vermelho das frutas maduras. Durante dias e dias, foi pincelando uma a uma as aves que escolheram a figueira como morada. Chamou-lhes papa figos. Por isso os papa figos são amarelos como as cores do dia, têm asas e rabos escuros como a noite, bicos vermelhos de romã e fazem os ninhos nos ramos mais altos das figueiras. São tímidos, não se deixam ver e muitas vezes só os conseguimos adivinhar pelo chilreio que parece repetir o dizer do menino:

– Lá vai mais um! Lá vai mais um!
Ilustrador Renata Bueno Texto Cristina Taquelim

O inventor do Papa Figos

“O invento do Papa Figos” encontra na cor destes pássaros os ingredientes para a criação desta peça, num fascínio cromático que voa no encanto destes pequenos seres.

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