Logo as nuvens se dissiparam, e a noite de Outono deu lugar a uma linda manhã de Sol. Desde então, reza a lenda que todos os anos existe em Novembro o Verão de S. Martinho; mas o que a maior parte das pessoas não sabe é que, nesse dia, o Sol aqueceu os ouriços de castanha de tal forma que choveram castanhas assadas, bem como um pedaço de ouriço-estrela que Martinho guardou como recordação. Talvez, quem sabe, para usar como prato em dias especiais. Martinho
e as estrelas
Dizem os populares que as estrelas no céu nocturno anunciam a bonança. Mas nessa noite tempestuosa de Outono chovia a cântaros, e nem o luar era possível vislumbrar: o céu encontrava-se negro e coberto de nuvens, sinal de que o mau tempo viera para ficar. Pelo menos, era nisso que pensava o soldado romano Martinho enquanto atravessava o souto para regressar a casa. O seu cavalo dava sinais de estar exausto, e não era o único; a batalha tinha sido dura, mas tinham atingido a vitória. E partiu de seguida com o seu cavalo na direcção de um enorme castanheiro que se encontrava por perto. Quando regressou, trazia na sua capa uma enorme quantidade de ouriços de castanha. “E o que faço eu com isso?”, perguntou o homem. Sem dar resposta, Martinho usou a sua metade da capa como uma catapulta, lançando todos os ouriços para o céu: mas, como por milagre, nenhum caiu. Em vez disso, os ouriços colaram-se ao céu como se de velcro se tratasse, transformando-se em pequenas estrelinhas. De repente, ouviu um grito ténue entre o nevoeiro: “Senhor!”. “Quem és?”, perguntou Martinho, aproximando-se do vulto que lentamente emergia das brumas. O homem, magro e idoso, estava encharcado da cabeça aos pés. A água escorria-lhe pelas longas barbas cinzentas, para logo se perder na pouca roupa que levava no corpo. Tiritando de frio, atirou ao soldado: “Uma esmola para um pobre mendigo que não tem tecto para se abrigar”. “Não tenho nada comigo que te possa dar”, disse Martinho, “mas talvez te possa ajudar”. Com a sua espada, cortou a sua capa a meio e ofereceu uma metade ao homem, dizendo-lhe: “Abriga-te com isto e espera por mim”. Ilustrador Lord Mantraste Texto César Sousa

Martinho e as estrelas

Uma peça cerâmica que nasce de um exercício de observação da natureza e da apreciação das suas matizes e formas, eternizando o picar da apanha da castanha.

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